Anamnese do aparelho respiratório: guia prático para profissionais de saúde

Anamnese do aparelho respiratório: guia prático para profissionais de saúde

Uma anamnese bem conduzida é determinante para o diagnóstico e o manejo das doenças respiratórias. Este guia sintetiza perguntas essenciais, sinais de alerta e orientações práticas para a avaliação clínica de adultos, com linguagem direta e aplicável na atenção primária e em consultórios especializados.

Dispneia: como investigar na anamnese

A investigação da dispneia deve quantificar intensidade, início e fatores desencadeantes. Perguntas objetivas ajudam a diferenciar causas cardiológicas, pulmonares e psicogênicas:

  • Início e progressão: súbito (ex.: embolia pulmonar, pneumotórax) ou gradual (ex.: DPOC, fibrose pulmonar).
  • Grau funcional: limitar atividades diárias? Usar escala de esforço (ex.: escore de MRC) para quantificar.
  • Posicionamento e sintomas associados: ortopneia, platipneia, sibilos ou tosse.
  • Relação com exercícios e exposição ocupacional (poeiras, sílica, fumaça) — essencial em anamnese ocupacional.

Quando houver suspeita de insuficiência cardíaca ou origem não pulmonar, integrar achados com avaliação cardiovascular e pedir exames complementares conforme necessidade.

Tosse e expectoração: perguntas-chave

Tosse crônica: duração e características

Distinga tosse aguda (<3 semanas), subaguda (3–8 semanas) e crônica (>8 semanas). Identifique se é seca ou produtiva, padrão (noturna, ao deitar) e presença de sangue (hemoptise) — a hemoptise demanda investigação imediata.

Expectoração: cheiro, cor e volume

Descrever o escarro (verde, amarelo, mucoso, hemoptoico) orienta sobre possível infecção bacteriana, bronquiectasia ou exacerbação de bronquite crônica. Em casos de suspeita de infecção, alinhe conduta com princípios de uso racional de antibióticos e protocolos locais — veja orientações sobre uso racional de antibióticos.

Tabagismo e exposições: fatores que modificam risco e manejo

Registre histórico detalhado de tabagismo (anos/maços por dia), tentativa de cessação e exposição ao tabagismo passivo. Avalie também exposição ocupacional e ambiental (combustíveis, materiais orgânicos, agentes inaláveis). Em pacientes com suspeita de DPOC ou risco cardiovascular, integre intervenções de cessação e prevenção.

Asma: anamnese dirigida

Na investigação de asma, pergunte sobre sintomas reversíveis (sibilância, tosse noturna), fatores desencadeantes (alérgenos, exercícios, infecções), histórico de atopia e resposta a broncodilatadores. Documente uso de corticosteroides e adesão terapêutica. Para critérios de manejo e seguimento, veja recomendações práticas sobre manejo da asma no consultório.

Infecções respiratórias: identificar sinais de gravidade

Na anamnese de infecção respiratória aguda, investigue febre, calafrios, comprometimento do estado geral e comorbidades (diabetes, imunossupressão). Sintomas de alerta: taquipneia, confusão, dessaturação e hemoptise. Para condutas iniciais e critérios de encaminhamento, consulte o protocolo local e materiais sobre manejo inicial de infecção respiratória em adultos.

Exames complementares mencionados na anamnese

  • Espirometria: importante para diagnóstico de DPOC e asma quando disponível; registre história compatível com redução do VEF1/CVF e resposta broncodilatadora.
  • Raio‑X de tórax: útil para suspeita de pneumonia, derrame pleural ou massa pulmonar.
  • Testes laboratoriais e gasometria arterial: indicados se houver hipóxia, suspeita de infecção grave ou comprometimento ventilatório.

Quando a tosse persiste sem diagnóstico claro, considere encaminhamento ou protocolos locais de investigação de tosse crônica.

Anamnese em populações especiais

Idosos

Procure sintomas atípicos, polifarmácia que agrave dispneia e risco de queda ao prescrever medicação sedativa. Avalie fragilidade e comorbidades cardiovasculares.

Crianças

Investigue história perinatal, sibilância recorrente, alergias e ambiente doméstico (peso do fumo passivo). Em lactentes, observe sinais de obstrução das vias aéreas e necessidade de encaminhamento urgente.

Imunocomprometidos

Anote status vacinal, uso de imunossupressores e histórico de infecções oportunistas; mantenha baixo limiar para investigar causas atípicas e agentes fúngicos ou virais.

Anamnese do aparelho respiratório: recomendações finais

Para uma anamnese eficaz: seja sistemático, use perguntas abertas seguidas de objetivas, registre dados quantitativos (escala MRC, maços-ano) e documente fatores que influenciam adesão e prognóstico. Integre informações com exame físico e exames complementares para decisões de manejo. Consulte diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) para padrões diagnósticos e terapêuticos atualizados (SBPT), recomendações internacionais quando necessário (por exemplo, CDC) e materiais de apoio clínico como revisão prática de avaliação respiratória (revisão técnica).

Recursos internos úteis para complementar a prática clínica: material sobre uso racional de antibióticos, protocolos de manejo inicial de infecções respiratórias e diretrizes de manejo da asma. Esses recursos ajudam a transformar a anamnese em plano terapêutico seguro e baseado em evidências.

Orientação prática final: priorize a identificação de sinais de gravidade, quantifique sintomas como dispneia e tabagismo, e registre exposições ocupacionais. A anamnese direcionada reduz diagnósticos perdidos, melhora a adesão ao tratamento e otimiza encaminhamentos.

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