Anemia ferropriva na atenção primária: diagnóstico e manejo

Anemia ferropriva na atenção primária: diagnóstico e manejo

Introdução

Você reconhece a anemia ferropriva no consultório antes que ela deteriore a qualidade de vida do paciente? Fadiga, tontura e dificuldade de concentração são queixas comuns — e sinais de que a deficiência de ferro pode estar presente. Na atenção primária à saúde há oportunidade para diagnóstico simples, tratamento eficaz e prevenção de recidivas.

1. Diagnóstico prático na atenção primária

Sinais e sintomas que exigem investigação

Suspeite de anemia ferropriva quando houver:

  • Fadiga inexplicada, palidez ou intolerância ao exercício;
  • Tontura, cefaleia, dispneia aos esforços ou dificuldades cognitivas leves;
  • Queixas gastrointestinais associadas a perda crônica (ex.: epistaxe, menstruação intensa) ou dieta pobre em ferro.

Exames básicos e interpretação rápida

Inicie com hemograma e ferritina. Achados compatíveis com anemia ferropriva incluem hemoglobina baixa, VCM reduzido e ferritina baixa. Lembre-se de que ferritina é um reagente de fase aguda: níveis normais/altos podem mascarar deficiência em contexto inflamatório — considere solicitar proteína C reativa ou investigar causas inflamatórias quando houver suspeita clínica.

Para suporte de decisão e revisão de protocolos, consulte fontes que reúnem evidências e diretrizes para atenção básica, como esta revisão disponível na BVS e artigos de manejo em atenção primária para adultos.

2. Diferenciação diagnóstica e quando encaminhar

Nem toda anemia microcítica é ferropriva. Diferencie de outras causas:

  • Anemia por doença crônica/inflamatória — ferritina pode estar normal/alta;
  • Talassemias ou outras hemoglobinopatias — considere índice de distribuição eritrocitária e histórico familiar;
  • Déficit de vitamina B12/folato — normalmente macrocítica, mas doenças mistas podem confundir.

Encaminhe para hematologia quando houver: sinais de sangramento oculto sem causa aparente, queda rápida de hemoglobina, suspeita de hemoglobinopatia complexa, resposta inadequada à reposição de ferro, ou quando for necessária investigação endoscópica para perda digestiva.

3. Manejo inicial eficiente (prático e baseado em evidências)

Suplementação oral

A primeira linha é a suplementação de ferro oral com sais ferrosos. Dose terapêutica orientativa: 120–180 mg de ferro elementar por dia, preferencialmente em doses divididas. Oriente sobre:

  • Tomar preferencialmente em jejum ou com suco cítrico para melhorar a absorção;
  • Evitar simultaneidade com leite, antiácidos ou alimentos ricos em cálcio que reduzem absorção;
  • Expectativa de efeitos adversos gastrointestinais (náuseas, constipação ou fezes escuras) e estratégias para adesão (reduzir dose, fracionar, trocar formulação quando necessário).

Adesão é chave: combine prescrição com educação em saúde (ver seção de educação abaixo). Para detalhes de regimes pragmáticos e revisão de evidências para adultos na atenção primária, recomenda-se a leitura de guias práticos disponíveis em publicações especializadas.

Suplementação oral: tempo de resposta e acompanhamento

  • Espera-se aumento de reticulócitos em 7–10 dias e elevação da hemoglobina em cerca de 1 g/dL a cada 2–4 semanas.
  • Reavaliar hemograma após 4 semanas para confirmar resposta; se sem resposta, reavaliar diagnóstico, adesão e absorção.
  • Manter terapia por pelo menos 3 meses após correção laboratorial para repor reservas de ferro.

Intervenções dietéticas

Oriente sobre alimentos ricos em ferro e estratégias para otimizar absorção:

  • Fontes heme: carnes vermelhas, vísceras, aves e peixes — mais biodisponíveis;
  • Fontes não-heme: leguminosas e hortaliças verde-escuras — combine com vitamina C (suco cítrico) para melhor absorção;
  • Evitar consumo simultâneo de chás e café nas refeições principais que reduzem absorção.

4. Educação em saúde e adesão

A educação em saúde aumenta adesão e reduz falhas terapêuticas. Práticas úteis no consultório:

  • Explique metas do tratamento (aumento da hemoglobina e reposição de reservas);
  • Forneça instruções claras sobre administração e sinais para retornar (piora, efeitos adversos intensos, sem resposta);
  • Utilize lembretes simples, folhetos ou curto plano escrito com dosagem e data para reavaliação.

5. Papel da atenção primária: organização e fluxo

Na atenção primária à saúde, estruturar fluxo para triagem e manejo simplifica rotinas e melhora resultados. Sugestões práticas:

  • Protocolos locais para triagem em consultas de rotina e pré-natais;
  • Lista de verificação no prontuário com sinais, exames iniciais e condutas padrão;
  • Integração com serviços de nutrição e educação em diabetes/doenças crônicas para programas de adesão.

Materiais e revisões sobre a importância de ações na atenção básica e protocolos de manejo podem ser consultados em publicações científicas e de diretrizes para apoiar a implementação prática.

Recursos e leituras recomendadas

Para suporte e aprofundamento, consulte:

Links internos úteis do blog

Protocolos e artigos práticos relacionados que podem complementar a prática clínica:

Fechamento prático

Na atenção primária, reconhecer sinais, solicitar exames simples (hemograma e ferritina) e iniciar suplementação de ferro oral quando indicado permite recuperação funcional rápida e melhora da qualidade de vida. Combine a terapia farmacológica com orientações sobre alimentos ricos em ferro e estratégias de educação em saúde para maximizar adesão. Estruture fluxos locais, use checklists e reavalie sistematicamente a resposta terapêutica para reduzir falhas e encaminhamentos desnecessários — pequenas ações organizadas geram grande impacto na vida dos pacientes.

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