Uso racional de antibióticos em IRAs ambulatoriais

Uso racional de antibióticos em IRAs ambulatoriais

Introdução

Quantas consultas por tosse, dor de garganta ou coriza terminam com receita de antibiótico? As infecções respiratórias agudas (IRAs) são uma das causas mais comuns de prescrições ambulatoriais — e a maioria é viral. O desafio clínico é preservar a eficácia dos antimicrobianos reduzindo prescrições desnecessárias e a resistência antimicrobiana, sem comprometer a segurança do paciente.

Diagnóstico e triagem: diferenciar viral de bacteriano

O ponto de partida para o uso racional de antibióticos é um diagnóstico bem fundamentado. Em consulta ambulatorial, priorize anamnese dirigida e exame físico; busque sinais que aumentem a probabilidade de infecção bacteriana ou de complicação.

  • Sinais que sugerem origem bacteriana: início súbito com febre alta e purulência localizada persistente, otalgia intensa com sinais de otite média, exsudato faríngeo com adenopatia cervical e ausência de sintomas virais predominantes.
  • Red flags (encaminhar/avaliar com baixa margem de erro): taquipneia, queda do nível de consciência, hipoxemia, desidratação ou comorbidades que agravam risco (imunossupressão, DPOC grave, cardiopatias).
  • Utilize testes rápidos quando apropriado (p.ex. RADT para streptococcus) e instrumentos clínicos validados para guiar decisão. Consulte fluxos de avaliação em adultos em materiais locais para padronizar prática.

Para uma revisão prática sobre diagnóstico e decisão terapêutica em adultos veja o material interno em Infecções respiratórias adultas: diagnóstico e decisão sobre antibióticos.

Critérios e princípios para prescrição

Quando confirmar ou forte suspeita de infecção bacteriana, aplique princípios que promovem uso racional de antibióticos:

  • Prescrever apenas se indicação clara baseada em quadro clínico, exames ou fatores de risco para complicações.
  • Escolher o antimicrobiano mais narrow‑spectrum efetivo para o patógeno mais provável.
  • Preferir via oral e formulações com boa adesão; evitar agentes de amplo espectro desnecessários (p.ex. fluoroquinolonas, quando alternativas existirem).
  • Usar a duração mais curta eficaz conforme evidência — documente a indicação e a duração na prescrição.
  • Adotar estratégias como prescrição diferida (safety‑net) quando apropriado.

Orientações práticas sobre prescrição ambulatorial podem ser encontradas em Prescrição racional de antibióticos – ambulatorial e no resumo de manejo de IRAs em Manejo de infecções respiratórias agudas.

Programas de gerenciamento de antimicrobianos e educação

Programas de stewardship ou gerenciamento de antimicrobianos demonstram redução do uso inadequado e melhoria em desfechos. Componentes eficazes incluem diretrizes locais, auditoria e feedback, suporte farmacêutico e materiais educativos para profissionais e pacientes.

  • Componentes essenciais do stewardship ambulatorial: protocolos locais, lista preferencial de agentes, revisão periódica de prescrições e feedback individualizado.
  • Educação do paciente: explique causa provável (viral vs bacteriana), sinais de alarme, duração esperada dos sintomas, orientações sobre adesão, armazenamento correto e descarte de remédios. Incentive retorno se piora dentro de 48–72 horas.

Diretrizes e posicionamentos nacionais e painéis de especialistas oferecem suporte à implementação local; por exemplo, consulte recomendações de diretrizes profissionais e análises sobre uso racional em vias aéreas superiores para fundamentar protocolos locais (projeto de diretrizes).

Doses, duração e segurança prática

As recomendações de dose e duração devem seguir diretrizes atualizadas e considerar alergias, função renal e interações medicamentosas. Em ambiente ambulatorial, priorize:

  • Adesão a esquemas com menor número de doses diárias quando eficácia similar.
  • Documentar alergias e revisar histórico de reação adversa antes de prescrever.
  • Ajustar dose em insuficiência renal quando indicado; evitar duplicidade terapêutica.

Recomendações detalhadas e argumentos sobre evitar uso inadequado estão discutidos em revisões sobre uso racional de antimicrobianos em vias aéreas superiores e em posicionamentos de especialistas (painel de especialistas).

Fluxo prático rápido para a consulta

  • 1) Avaliar sinais de alarme/gravidade — encaminhar se presente.
  • 2) Estimar probabilidade de etiologia bacteriana; usar testes rápidos quando indicado.
  • 3) Se antibiótico necessário: escolher agente alvo, documentar indicação, dose e duração; considerar prescrição diferida se aplicável.
  • 4) Orientar paciente sobre sintomáticos, sinais de piora e retorno; agendar follow‑up ou contato telefônico se dúvida.

Fechamento e próximos passos práticos

Na prática ambulatorial, adotar um protocolo local baseado em evidência, treinar equipes e informar pacientes são medidas de alto impacto para reduzir o uso inadequado de antibióticos e o avanço da resistência antimicrobiana. Use os recursos internos para padronizar condutas: Uso racional de antibióticos – clínica, Manejo racional de antimicrobianos em IRAs e Uso racional – prática clínica ambulatorial contêm protocolos e ferramentas de implementação. Consulte também as diretrizes nacionais e artigos de referência para atualizar algoritmos locais e políticas de stewardship.

Referências e leituras recomendadas: projeto de diretrizes profissionais (AMB), revisão sobre uso racional de antimicrobianos em vias aéreas superiores (SECAD / Artmed) e posição de painel de especialistas sobre evitar uso inadequado (UNIFESP).

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