Avaliação e manejo inicial de quedas em idosos

Avaliação e manejo inicial de quedas em idosos

Introdução

Quedas em idosos são uma das principais causas de lesão, hospitalização e perda de autonomia na comunidade. Como triador ou clínico na atenção primária, você já se perguntou: o que avaliar no primeiro contato após uma queda? Quais sinais exigem investigação urgente? Este guia prático resume a avaliação imediata, o manejo inicial e intervenções preventivas baseadas em evidências para quedas em idosos na atenção comunitária.

Avaliação inicial: o que não pode faltar

História clínica dirigida

Colha eventuais detalhes do episódio (mecanismo, posição, presença de perda de consciência, tempo no chão), histórico de quedas anteriores, comorbidades (AVC, doença cardíaca, demência), uso de dispositivos de mobilidade e impacto nas atividades da vida diária. Investigue também medicamentos que aumentam o risco de queda (benzodiazepínicos, sedativos, anticolinérgicos, anti-hipertensivos): a revisão de medicamentos é essencial.

Exame físico focalizado

  • Sinais vitais: avaliação hemodinâmica, aferição de pressão arterial supina e em pé para detectar hipotensão ortostática.
  • Exame neurológico: nível de consciência, déficits focais, avaliação de marcha e equilíbrio.
  • Exame musculoesquelético: inspeção de feridas, dor localizada, deformidades que sugiram fratura (regiões pélvica, fêmur proximal, punho, tíbia).

Triagem funcional e testes simples

Use testes rápidos para estratificação de risco: Timed Up and Go (TUG), avaliação do equilíbrio e observação da marcha. Para triagem e encaminhamento na APS, materiais relacionados à triagem e manejo de quedas e à avaliação em atenção primária oferecem instrumentos práticos.

Sinais de alerta (encaminhar com urgência)

  • Perda de consciência inexplicada, confusão aguda ou déficits neurológicos focais.
  • Suspeita de fratura (incapacidade de suportar o peso, dor severa localizada).
  • Uso de anticoagulante com trauma craniano ou sangramento ativo.
  • Long lie (permanecer no chão por horas) com risco de hipotermia, rabdomiólise ou síndrome de pressão.

Manejo imediato após a queda

Tratamento das lesões agudas

Estabilize o paciente conforme ABC, controle hemorragias e imobilize fraturas suspeitas. Indique exames de imagem conforme quadro (radiografia, TC de crânio se traumatismo craniano ou alteração neurológica). Em casos sem sinais de alarme, o manejo pode ser ambulatorial com analgesia apropriada e orientação.

Cuidados e educação no momento da alta

  • Explique claramente o diagnóstico provável e sinais de alerta para retorno (febre, aumento da dor, déficit neurológico, sangramento).
  • Oriente quanto ao uso/ajuste de dispositivos de auxílio e à vigilância domiciliar de riscos ambientais.
  • Documente a queda no prontuário e combine seguimento para reavaliação funcional e revisão medicamentosa.

Encaminhamentos e coordenação de cuidado

Encaminhe para fisioterapia e avaliação geriátrica quando houver perda funcional, quedas recorrentes ou polifarmácia. Recursos do blog sobre intervenções e reabilitação e programas de exercícios na APS, como descrito em exercícios e mobilidade, são úteis para planejar a reabilitação.

Prevenção de quedas: intervenções eficazes na comunidade

Abordagem multifatorial

A prevenção de quedas eficiente combina revisão medicamentosa, fortalecimento muscular, treino de equilíbrio, correção visual e adaptação ambiental. Programas individualizados têm maior adesão e impacto.

Exercícios e reabilitação

  • Prescreva programas que melhorem força, equilíbrio e marcha; exercícios de força progressiva e treinamento de marcha reduzem o risco.
  • Sessões de fisioterapia domiciliar ou em grupo (por exemplo, tai chi) podem ser indicadas conforme avaliação funcional.

Adaptações ambientais e suporte social

Recomende remoção de obstáculos, melhoria da iluminação, corrimãos e barras no banheiro. Avalie suporte familiar e possibilidade de monitorização (alertas pessoais, visitas regulares) em pacientes com alto risco.

Polifarmácia e medicamentos de risco

Realize reconciliação e considere desprescrição de medicamentos com elevado risco de quedas. A gestão da polifarmácia é componente central da prevenção; recursos sobre desprescrição segura auxiliam decisões clínicas.

Complicações físicas, psicológicas e sociais

Quedas podem causar fraturas (coluna, fêmur proximal), trauma craniano, perda de independência, medo de cair com consequente redução de atividade e isolamento social. Avalie e trate o impacto psicológico (ansiedade, depressão) e planeje intervenções para restaurar função e qualidade de vida.

Recursos e evidência

Protocolos locais e revisões sistemáticas sustentam a prática clínica: consulte o Protocolo de Prevenção de Quedas do Grupo IBES para orientações detalhadas; uma revisão sistemática publicada na Revista discute intervenções na atenção primária e seus resultados (ver revisão sistemática); para análise aprofundada de programas comunitários, consulte a dissertação disponível em repositório acadêmico (dissertação sobre eficácia de intervenções).

Fechamento e insights práticos

Na prática comunitária, priorize: 1) reconhecer sinais de alarme e encaminhar com rapidez; 2) realizar avaliação multifatorial (incluindo avaliação geriátrica e revisão medicamentosa) e 3) articular intervenções de reabilitação e mudanças ambientais. Integre registros e seguimento multidisciplinar para reduzir recorrência e preservar autonomia. Utilize os materiais e caminhos de encaminhamento disponíveis na prática local e nos artigos de referência para padronizar condutas.

Links úteis internos: para protocolos e ferramentas práticas, veja também as publicações do blog sobre triagem e manejo, avaliação e reabilitação, exercícios e mobilidade na APS e intervenções na atenção primária.

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