Prevenção e manejo de quedas em idosos

Prevenção e manejo de quedas em idosos

Introdução

Quedas em idosos são um dos principais problemas na atenção comunitária: cerca de 30% dos maiores de 65 anos caem ao menos uma vez por ano, percentual que aumenta com a idade. Esses eventos geram fraturas, perda de autonomia, isolamento e medo de cair. Como profissional de saúde, quais passos práticos adotar para reduzir risco, avaliar adequadamente e encaminhar quando necessário?

Avaliação de risco: o que pesquisar e como sistematizar

Anamnese dirigida

Investigue circunstâncias da(s) queda(s), frequência, lesões associadas, sintomas prévios (síncope, tontura), uso de medicações e incapacidade funcional. Pergunte também sobre medo de cair e mudanças na atividade social.

Exame físico funcional

  • Avalie marcha e equilíbrio: Timed Up and Go (TUG), observar base de apoio, passos curtos, desvios posturais.
  • Força e mobilidade: teste de cadeira (sit-to-stand), força de quadríceps e marcha.
  • Sinais vitais e ortostase: medir PA supino e em ortostatismo para investigar hipotensão ortostática.
  • Avalie visão e audição como fatores contribuintes.

Registre função cognitiva básica (p. ex. abreviações de triagem) e risco de fragilidade/sarcopenia, já que ambas influenciam o plano terapêutico.

Revisão medicamentosa

Identifique medicamentos que aumentam risco de queda: benzodiazepínicos, sedativos, anticolinérgicos, opioides, anti-hipertensivos em excesso. A gestão da polifarmácia e estratégias de desprescrição são essenciais — veja orientações práticas sobre polifarmácia e desprescrição em idosos na nossa página sobre polifarmácia em idosos e em protocolos específicos de triagem de quedas (triagem e manejo de quedas).

Intervenções simples e modificações ambientais

Mudanças domiciliares de alto impacto e baixo custo

  • Instalar barras de apoio em banheiros e áreas de banho.
  • Usar tapetes antiderrapantes e eliminar tapetes soltos ou cabos no chão.
  • Melhorar iluminação (especialmente corredores e banheiros) e reduzir reflexos em pisos.
  • Organizar rotina: itens de uso frequente ao alcance, móveis estáveis e cadeiras com apoio para levantar.

Pequenas intervenções domiciliares reduzem quedas de forma significativa. Consulte ferramentas práticas de avaliação domiciliar e orientações para equipes da atenção primária na nossa publicação sobre prevenção de quedas na APS.

Programas de exercícios: foco, intensidade e encaminhamento

Programas que combinam fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e marcha têm evidência consistente para reduzir quedas. Indique ou encaminhe para programas comunitários ou fisioterapia com ênfase em:

  • Exercícios de resistência para membros inferiores (3x/semana progressivos).
  • Treinos específicos de equilíbrio (p. ex. bipodal, unipodal, mudanças de direção).
  • Atividades funcionais: subir degraus, sentar-levantar, marcha em diferentes velocidades.

Para rotinas práticas de exercícios e reabilitação, consulte nosso material sobre programas de mobilidade e reabilitação (avaliação e reabilitação).

Encaminhamentos e fluxo de cuidado

Quando encaminhar e para quem

  • Encaminhe para fisioterapia em casos com déficit de força, equilíbrio ou marcha que prejudiquem atividades de vida diária.
  • Encaminhe para terapia ocupacional quando houver necessidade de adaptações domiciliares personalizadas ou treino para ADLs.
  • Procure geriatria para quedas recorrentes, multifatoriais, suspeita de fragilidade avançada, polifarmácia complexa ou quando houver necessidade de avaliação abrangente (incluindo risco de fratura por fragilidade óssea).
  • Solicite investigação complementar (imagem, ECG, avaliação neurológica) se houver perda de consciência, sinais neurológicos focais, suspeita de síncope cardiogênica ou trauma significativo.

Risco de fratura e medidas preventivas específicas

Avalie risco de osteoporose e considerar densitometria em pessoas com fratura por baixa energia. Intervenções para redução de risco de fratura incluem otimização de vitamina D e cálcio conforme diretrizes locais e manejo de medicamentos que aumentam queda/fragilidade óssea.

Integração com família e serviços comunitários

Garanta que o cuidador e família recebam instruções escritas e demonstre exercícios e adaptações. Utilize recursos comunitários e programas locais (grupos de exercício para idosos, visita domiciliar por equipe multiprofissional). Um fluxo de acompanhamento com reavaliação periódica diminui reincidência.

Aspectos psicológicos e monitorização

O medo de cair reduz atividade, acelera perda muscular e aumenta risco. Avalie impacto emocional e encaminhe para intervenções comportamentais ou grupos de atividade quando indicado. Faça monitorização ativa de quedas (diário de quedas ou contato telefônico) e registre eventos no prontuário para revisão de plano.

Diretrizes e evidências

Recomendações multifatoriais baseadas em diretrizes nacionais e internacionais (por exemplo, as atualizações do NICE) reforçam avaliação domiciliar, programas de exercícios e revisão de medicamentos. Materiais de educação para pacientes e estatísticas populacionais podem ser consultados em fontes reconhecidas, como a cartilha da Unimed e guias práticos regionais (p. ex. IAMSPE).

Fechamento prático para clínicos

  • Implemente triagem rotineira de quedas em consultas de idosos; utilize testes funcionais simples (TUG, 5x sit-to-stand).
  • Priorize intervenções de baixo custo no domicílio e revisão medicamentosa para reduzir riscos imediatos.
  • Encaminhe prontamente para fisioterapia, terapia ocupacional ou geriatria quando indicado e estabeleça um plano de acompanhamento.

Para protocolos locais de triagem e fluxos de encaminhamento, confira os artigos do nosso blog sobre avaliação e manejo na comunidade e sobre polifarmácia e desprescrição. A prevenção de quedas requer abordagem multidimensional e continuidade — pequenos ajustes combinados com exercícios orientados e encaminhamentos oportunos fazem diferença na autonomia e segurança dos idosos.

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